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domingo, 13 de maio de 2018


Na existência humana muitas experiências nos encontram e são encontradas pelo caminho. Algumas conseguimos descrevê-las, outras explicá-las, mas a experiência da maternidade sempre será a que compreenderemos em sua totalidade, quando cruzarmos os portões da eternidade. Ela é tão profunda e sobrenatural que necessita estarmos em corpo glorificado para ser compreendida! Muitas do dia para a noite se transformam em mães (como a minha mãe), outras planejam e ainda há as que geram no coração. Porém, ainda existe um grupo que no silêncio de seus corações e atitudes, acolhem o aflito e necessitado, a viúva e seus filhos, o doente desenganado, o que perdeu tudo e quase perdeu sua identidade... Há as que lutam incessantemente para que ninguém deixe de ser assistido e acolhido em suas carências físicas e emocionais, acabando assim, por assemelharem-se ao “colo materno”, que são as que fazem parte dos trabalhos humanitários/assistencialistas. Não importa em qual grupo você esteja, ainda assim você acolhe, luta e ama, se entrega. Há mérito quando desprendemos amor! Assim a vida segue até que um dia os papeis se invertem... se faz necessário aprender rapidamente ser mãe da sua mãe... Diante daquela mulher que a cada dia perde sua identidade, de riso inexpressivo, gestos e movimentos lentificados, fala repetida e empobrecida, raciocínio e lembrança quase inexistente, salvo em seus lapsos de memórias, procuro me achar em algum cantinho na esperança de não estar sendo esquecida, o que é um ledo engano. Nessa caminhada de mais de dois anos, o importante é o que os filhos e amigos lembram, na verdade passamos a ser as lembranças vivas, mesmo que ela nos olhe com aquele olhar distante, sem entender em alguns momentos o que estamos tentando dizer e fazer. Ando me perguntando se é pior perder alguém abruptamente ou dia após dia!? Nesse domingo dedicado às Mães, comemoro o passado vivido ao seu lado, do papai, da vovó e meus irmãos, lá nas nossas paragens. Lá tinha o galetinho do Mutunuy, o banho no sítio do Mararú, tinha os motores (barco pequeno) chegando, as catraias (canoas) para atravessar os lagos e ilhas, tinha paneiros de açaí e farinha, tinha costelinha de tambaqui na brasa, caldeirada de tucunaré, charutinho fritinho, chibé e caribe, a igreja na Mendonça Furtado, a casa da Flora e do Rui, o açaí da irmã Edilena, lá também tinha o Josias e a Salete com seus ricos ensinamentos na Escola Dominical, o coral regido pelo irmão Josa, o acordeon do Jorginho, o sax do irmão Chico Pereira, lá tinha o abraço acolhedor e os sábios conselhos do irmão Jorge Mário Batista... lá tinha o rio que brilha e a ilha do Amor, em Alter... Comemoro o passado com a senhora mamãe, o passado que ainda lembras, mesmo que com dificuldades! Recebam o meu abraço daqui de terras potiguares, ele não é de tristeza e nem de dor, mas de ressignificação no Eterno, pois muitos mesmo conscientes, não têm o que lembrar o que lhes traga lenitivo na caminhada de humanos, como nós. Que o nosso coração, a máquina mais sensível do corpo humano, eternize momentos que nos sirvam de combustível quando os dias se apresentarem um tantinho cinzentos.

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