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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Teria Pedro sido omisso, negado ou traído Jesus?

          Pedro é um dos grandes nomes da história do Cristianismo. Para que sua vida ministerial chegasse a um estágio de aprovação, ou para que ele fosse reconhecido como autoridade bíblica foi preciso vencer grandes embates ministeriais, pessoais e emocionais. Ninguém pense que pelo simples fato de ter sido testemunha ocular de Jesus que o seu ministério e sua vida possuíam o carimbo da infalibilidade! O fato de conviver com Jesus não o tornou imbatível e tampouco livre das investidas do mal. O Pedro que encontramos na Bíblia Sagrada é um homem como todos nós, cheio de limitações e fracassos. Cometemos muitos erros quando não nos conhecemos tornando-nos escravos das circunstâncias! Infelizmente desistimos facilmente das pessoas que nos decepcionam, ao contrário de Jesus que tinha uma capacidade de perseverança ímpar, uma motivação inabalável, metas sólidas onde estabelecia prioridades para cumpri-las!

Vamos definir o que é ser omisso: Aquele que não se manifesta ou não faz algo em prol de alguém ou alguma coisa. Agora, definindo o que é negar: Dizer que algo não é verdadeiro, não reconhecer, contestar, manter em segredo, esconder, evitar, esquivar-se a, dizer não, deixar de oferecer ou permitir; recusar, mentir. Por fim, o que vem a ser trair: Agir de forma desleal em relação a alguém ou alguma coisa, ser infiel a (em relacionamento amoroso), ficar aquém das expectativas de; decepcionar, deixar de honrar (compromisso, acordo, etc.), deixar de lado; abandonar.

Pedro não apenas tinha um problema muito sério com seu próprio temperamento, mas em segundo lugar, seu caráter o decepcionava imensamente. E decepção com o caráter é uma coisa mais profunda e mais latejante do que com o próprio temperamento. Atinge a essência da sua personalidade! Diante da pressão, quando Jesus é levado para a casa do Sumo Sacerdote Anás, sogro de Caifás, atual Sumo Sacerdote, e está sendo interrogado, Pedro e “um outro” discípulo, após a prisão do Mestre, tomam coragem e o seguem até a entrada do pátio da casa de Anás. É importante ressaltar que Jesus foi levado primeiramente a Anás por questão de honra por parte de Caifás, por ele ser mais idoso e de grande experiência. Cremos que o “outro” discípulo era João, e ele conhecia Anás o suficiente para ganhar acesso à sua casa, e assim acompanhando o Senhor, adentrar ao pátio. Depois, João voltou à porta de entrada, conversou com a porteira (uma moça), trazendo Pedro para dentro do átrio (pátio) Jo 18.13-17. Ao ser descoberto como um possível seguidor de Jesus e sendo questionado por essa mesma razão, ele o nega três vezes (Mt 26.29; Mc 14.67-69; Lc 22.57-59)! A pessoa que o confrontou pela terceira vez, foi insistente e João nos informa que essa pessoa era parente do servo do Sumo Sacerdote (Malco) que sofreu o decepamento de sua orelha no Getsêmani pela ação de Pedro (Jo 18.26). Enquanto desmentia que fazia parte do “rebanho” do Bom Pastor, duas coisas aconteceram simultaneamente: o galo cantou e Jesus voltou e fitou os Seus olhos nele, Pedro (Lc 22.59-61). Foi naquele momento que o apóstolo caiu em si, recordou o que Jesus tinha lhe falado no cenáculo e o seu coração inundou-se de grande mágoa e angústia, retirando-se chorando copiosa e amargamente. E em terceiro lugar, Pedro não tinha só problema com o temperamento e com o caráter, mas contraiu um problema terrível com o seu mundo psicológico. Atrevo-me a dizer que se o conflito de Pedro não fosse interrompido três dias depois, e se ele vivesse no século XXI, não tenham dúvidas, o Pedro estaria enfrentando sérios problemas de ordem psicológica!

Pedro foi ousado em entrar naquele ambiente perturbador! Ele nunca mais esqueceria a cena que veria. O seu amado Mestre estava sendo ferido física e psicologicamente. Ele não acreditava na violência dos agressores de Jesus e nem na passividade do Mestre diante dos mesmos! Afinal, os homens sempre reagem de forma animal coletivamente quando estão irados! Pedro entrou em desespero instalando-se o medo em seu ser e travando sua inteligência. O medo (todo o tipo) nos controla, pois faz parte da constituição humana!

O arrependimento é produzido no coração do homem; é a tristeza segundo Deus. O remorso é a tristeza segundo o mundo e produz morte. Arrependimento é compunção, contrição, insatisfação causada por violação de lei ou de conduta moral, e que resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. Remorso é inquietação de consciência por culpa ou crime cometido; é o chamado peso de consciência! Pedro havia violado um princípio de conduta moral, o da lealdade, mas Deus pôs tristeza em seu coração, produzindo arrependimento para a salvação e a firme disposição de evitar futuras violações. Foi o que salvou Pedro!

Trazendo a atitude de Pedro para o nosso dia-a-dia prático/religioso, percebo que nada mudou... Ainda hoje deixamos de nos posicionar por medo de perder benesses, mesmo sabendo que o sagrado não comunga com o profano. Muitas vezes deixamos de tomar atitudes ao silenciarmos em assuntos de moral, ética, caráter, religião, política, etc., por medo ou receio de sermos excluídos, ignorados e tudo mais que venha a afagar a nossa alma, nos dando uma suposta “estabilidade”. Gostamos de viver na “região do conforto”, da notoriedade, então violentamos nossa consciência e os valores de cidadania terrestre e celestial, onde vez por outra, aplacamos nossa consciência nos valendo dos pedidos de perdão e desculpa, para demonstrar uma falsa espiritualidade, arrependimento e piedade. Será que não foi isso que ocorreu com o apóstolo Pedro? O homem que não é juiz de si mesmo nunca está apto para julgar o comportamento dos outros! Acredite: Não é só o corpo humano que é frágil, mas a sua estrutura psicológica também é! Qual realmente foi a atitude de Pedro?

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