Amanheci
com essa palavra em mente: Torre forte é o nome do SENHOR, a qual o justo se
acolhe e está seguro (Pv 18.10)! O nome do Senhor! Seria difícil começar uma
declaração sobre o Refúgio divino de forma mais firme do que esta. Sendo muito
mais do que um manual moralista de “faça isto e não faça aquilo”, o livro de
Provérbios apresenta diversas coleções de poemas que ensinam sobre o motivo
profundo pelo qual se deve “fazer isto e não fazer aquilo”: a inclinação de um
coração para o seu Criador da qual procedem as “fontes da vida” (Pv 4.23)! E,
então, no meio de diversos contrastes entre o caminho do mundo e o caminho do
servo de Deus, ou seja, no meio de uma comparação entre as duas inclinações
possíveis do coração humano, Salomão inclui este verso. Tremendo, você não
acha?
Perceba, em primeiro lugar, que o nome do Senhor denota imponência e força.
Com isso eu quero dizer que a descrição que Salomão dá associa o nome de Deus a
algo de grande poder! Logo, poucas coisas são mais importantes do que conhecer
o nome do Senhor. Não é à toa que Ele inclui na Sua Lei a proibição de se tomar
esse nome em vão. Nem é por acaso que o nosso Senhor Jesus Cristo inclui a
santificação desse nome como a primeira petição de uma oração-modelo. Mas Ele o
faz após dizer: Pai nosso que estás no céu! Não é exatamente isso que repete
aquilo que Moisés experimentou ao perguntar o nome de Deus diante da sarça, ou
arbusto, que queimava sem se consumir? Não foi exatamente esta uma experiência
de separação intrínseca entre o Senhor, o Criador; e nós, Suas criaturas? Mais
ainda, não é exatamente isso que podemos entender por: Senhor, Torre Forte?
Querido, “Senhor” não foi o nome que Deus revelou a Moisés. Pelo contrário,
“Senhor” emerge na história do povo de Deus como a primeira reação ao fato de
ser Ele uma Torre Forte! O nome verdadeiro de Deus é deveras importante para
ser falado a toda hora e, por isso mesmo, Ele é aqui chamado de “Senhor”.
Diz-se que este nome corresponde a uma “Torre Forte” exatamente porque é esta a
reação que temos diante da imponência deste nome. Diante de uma Torre Forte
cabe-nos temer e tremer!
O temor relativo à imponência
e à santidade de Deus nos leva a olhar para nós mesmos e a perguntar: quem,
afinal, habitará no monte do Senhor? E a resposta nos faz corar de vergonha: O
que vive com integridade e pratica a justiça (Sl 15.1,2). Oh! Como esta Torre
nos faz tremer ao percebermos que tal integridade e justiça é exatamente o
oposto daquilo que todos nós somos e seremos por nossos próprios méritos! As
acusações contra nós mesmos estão por toda parte. Nada há que possamos fazer
diante da pureza e da grandiosidade do Senhor. Portanto, a primeira reação ao
nos encontrarmos com essa Torre Forte é uma sensação de diferença profunda
entre aquilo que somos e aquilo que Ele é. E, se pararmos por aqui,
concluiremos que nada mais nos cabe, a não ser o julgamento inevitável que deve
necessariamente descer sobre nós por causa daquilo que somos. Se não fosse
Jesus, o que seria de nós? Mas isso é uma parte da história. A outra parte é
que Torre Forte também pode representar proteção, caso corramos para ela ao invés de correr dela. É aqui que a inversão ocorre. É
aqui que o justo aparece com a reação inesperada de “fugir para ela”. Perceba, em segundo lugar, que o nome do Senhor é o único refúgio
verdadeiro!
Portanto, entre a primeira reação (fuga de Deus)
e a segunda (fuga para Deus) algo de maravilhoso acontece, necessariamente.
Trata-se da percepção de que fugir para nenhum outro lugar (além do mais para o
senso de justiça própria!) resolverá o problema. Trata-se da percepção de que é
necessário render-se a essa Torre Forte. Trata-se de nada menos do que a
declaração de que o injusto inicial
passa a ser um justo e isso
exatamente porque ele percebe ser um injusto
e não encontra solução em mais nada, senão no próprio Deus. Tá
compreendendo meu raciocínio? Então, um injusto é tomado por justo não por
causa dos próprios méritos, mas porque mudou a inclinação do seu coração! Ao
invés de se inclinar contra Deus,
agora inclina-se para Deus.
Isso jamais seria possível se não fosse o próprio Deus concedendo o dom da fé
salvadora. Isto não vem de vós, mas é dom de Deus para que ninguém se glorie. A
dívida existia, mas Alguém pagou por ela! Ora, não é verdade que do nome de
Jesus Cristo se diz que é o único nome pelo qual importa que sejamos salvos?
Consegui me fazer entender? Acredite: O nome do Senhor é Torre Forte! Viver em
gratidão, lembrando-se dessa segurança eterna é infinitamente melhor do que
viver, em culpa verdadeira, fugindo por confiar em si mesmo e perceber que,
diante da Torre Forte, o mérito próprio nada pode fazer!
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