Uma
das causas da multiplicação das divisões é a diferença na linguagem. Se as
pessoas de uma comunidade começam a não concordar naquilo que falam, essa
comunidade corre um sério risco de morrer! Paulo sabia disso. Por isso, quando
escreveu para os crentes de Corinto, ele alertou: Irmãos, em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no
que falam, para que não haja divisões entre vocês, antes, que todos estejam
unidos num só pensamento e num só parecer. (I Co 1.10). Devemos lutar contra
isso!
A
diferença na linguagem acontece quando os cristãos começam a enfatizar um único
ensinamento em detrimento dos demais ensinamentos da Escritura. É como se um
grupo começasse a enfatizar somente a batalha espiritual; outro, somente a
Teologia Sistemática; um terceiro grupo, somente missões; outro, somente a cura
divina; um quinto enfatizasse somente as células; outro, somente a importância
do seminário; e assim por diante. São vários grupos distintos dentro da igreja
(organização) dizendo que os seus ensinamentos são os mais importantes e os
mais relevantes, anunciando somente as suas linguagens características.
Inconscientemente, eles vão promovendo a divisão dentro da igreja! Pois é, agora
você deve estar dizendo: será mesmo?
Os
cristãos cometem muitos enganos nesse assunto. Muitos pensam que a igreja morre
em consequência dos ataques de Satanás. Mas o inferno não tem poder para destruir
a Igreja (organismo). Pelo contrário; diante da Igreja, são as portas do
inferno que não podem prevalecer. O maior inimigo da Igreja não são os demônios
nem alguma ausência de atividade evangelística, nem alguma deficiência no
ensino, nem algum tipo de problema financeiro, mas as divisões entre os
crentes. Jesus afirmou que um reino dividido não pode subsistir (Marcos 3.24).
Assim, se a igreja está dividida, ela não consegue sobreviver. Antes, ela morre!
A
sobrevivência da igreja (organização) depende da unidade na linguagem. Os
cristãos dos primeiros séculos sabiam disso. Por isso, quando um crente se
levantava trazendo algum ensinamento diferente daquele exposto na Bíblia ou que
enfatizasse apenas um único aspecto da Bíblia, logo iniciava-se uma
“movimentação santa”. Os crentes se reuniam e debatiam sobre aquele novo
ensinamento até identificarem a posição das Escrituras e os problemas de se
enfatizar apenas um único ponto. Eles não descansavam até que a linguagem fosse
unificada dentro da igreja. Infelizmente não é o que temos visto, pois a ênfase
do partidarismos tem liderado nossas igrejas e púlpitos! Sabe querido, o ser
humano tem uma tendência natural de se ligar aos grupos com os quais se
identifica. Isso não é ruim; faz parte da nossa individualidade como seres
humanos e a Bíblia não condena esse tipo de associação natural. Porém, a Bíblia
condena, sim, aquela associação que nasce a partir de divisões dentro de um
determinado grupo. Ela condena as associações com ênfase no partidarismo, em
que as pessoas valorizam o seu próprio grupo e desprezam os demais. Era isso
que estava acontecendo dentro da igreja: as diferenças de linguagem estavam
provocando divisões e promovendo partidarismos. (I Co1.12). Esse tipo de
postura só esvazia o significado de igreja, enfatiza a criação de partidos
dentro da comunidade, faz nascer divisões entre as pessoas e enfraquece a igreja
(organização). Mas Cristo, o Cabeça da Igreja (organismo), não está dividido!
Dentro
das disputas na igreja de Corinto, os grupos procuravam se fortalecer, tentando
conseguir o maior número possível de adeptos através dos batismos. Na cabeça
deles, quando alguém batizava o batizado já era adepto do grupo desse alguém.
E, absurdamente, esses grupos estavam promovendo essa competição, usando o nome
de Paulo, de Apolo e de Pedro. Paulo mostra que era um absurdo as pessoas se
dividirem em partidos e competirem por pessoas! Cristo não está dividido; por
isso, devemos lutar contra a competição por pessoas.
Devemos
entender que as pessoas que chegam à igreja não nos pertencem, mas a Cristo!
Nós somos apenas os vasos usados por Deus para ministrar o Evangelho àqueles
que se convertem. Ainda que devamos ser modelos para as pessoas, devemos formar
seguidores, não de nós mesmos, mas de Cristo! Se cada pessoa formar seguidores
dela mesma, haverá várias linguagens, vários partidos e grande divisão dentro
da igreja (organização). Contudo, como afirmou o apóstolo Paulo, Cristo não
está dividido. Amados, crer também é pensar e a falta de conhecimento das
Escrituras leva ao perecimento.